São Paulo e o Ruído: Um Estudo sobre a Adequação do Ambiente para Pessoas com TEA
Uma das características mais comuns do TEA é a sensibilidade sensorial, que pode tornar sons altos ou ambientes barulhentos extremamente desconfortáveis, ou até mesmo dolorosos, para muitas pessoas no espectro. Em uma cidade como São Paulo, conhecida por sua agitação e poluição sonora, entender como o ambiente urbano impacta pessoas com TEA é essencial para promover a inclusão e o bem-estar.
Neste estudo, realizamos medições de níveis de ruído em diferentes locais da cidade, desde áreas residenciais até pontos de grande movimentação, como avenidas e estações de metrô. O objetivo foi avaliar o quão adequado (ou inadequado) o ambiente de São Paulo é para pessoas com TEA, considerando sua sensibilidade a estímulos sonoros.
O Estudo: Como Foi Feito
Utilizamos um decibelímetro para medir os níveis de pressão sonora em diversos ambientes da cidade. As medições foram realizadas em locais como:
Ambientes residenciais (quarto, sala com ventilador);
Ruas residenciais (Bairro Campo Belo);
Avenidas movimentadas (Avenida Washington Luís, próxima ao aeroporto CGH);
Transporte público (ônibus municipal e metrô da Linha 5-Lilás).
Os níveis de ruído foram classificados em uma escala de 5 níveis, que vai desde Muito Baixo (0–30 dB) até Muito Alto/Perigoso (90–130 dB), para facilitar a interpretação dos resultados.
Resultados: O Que os Números Mostram
Os dados coletados revelam que São Paulo é uma cidade barulhenta, com níveis de ruído que frequentemente ultrapassam os limites considerados confortáveis e seguros. Abaixo, destacamos alguns dos resultados mais relevantes:
Ambientes Residenciais: Quarto: <35 dB (Muito Baixo) – Um ambiente tranquilo e adequado. Sala com ventilador: ~65,3 dB (Moderado) – O ruído do ventilador pode ser incômodo para pessoas com sensibilidade auditiva.
Rua Residencial (Campo Belo): Sem tráfego: ~44,3 dB (Baixo) – Aceitável, mas a passagem de carros elevou o ruído para ~66,3 dB (Moderado), o que pode ser desconfortável.
Avenida Washington Luís: Ruído constante: ~70,1 dB (Alto) – Já acima do limite recomendado para ambientes urbanos. Picos durante passagem de ambulâncias: ~105,2 dB (Muito Alto/Perigoso) – Extremamente desconfortável e potencialmente doloroso.
Transporte Público: Ônibus municipal: ~71,3 dB (Alto) em movimento, com picos de ~92,0 dB durante a abertura das portas. Metrô (Linha 5-Lilás): ~75,5 dB na estação, com picos de ~111,3 dB no interior do trem – níveis que podem ser avassaladores para pessoas com TEA.
Impacto no Dia a Dia de Pessoas com TEA
Para muitas pessoas com TEA, o ruído excessivo não é apenas um incômodo, mas uma barreira real à participação na vida urbana. Locais como avenidas movimentadas e estações de metrô, com níveis de ruído consistentemente altos, podem desencadear sobrecarga sensorial, levando a ansiedade, estresse e até crises. Além disso, a exposição prolongada a ruídos elevados pode causar fadiga e dificultar a concentração, impactando a qualidade de vida.
Conclusão: A Necessidade de Ambientes Mais Inclusivos
Os resultados deste estudo mostram que São Paulo ainda tem um longo caminho a percorrer para se tornar uma cidade verdadeiramente inclusiva para pessoas com TEA. Medidas como a implementação de barreiras acústicas em avenidas, a redução do ruído em estações de metrô e a criação de espaços silenciosos em locais públicos podem fazer uma grande diferença.
Além disso, é essencial promover a conscientização sobre a sensibilidade sensorial no TEA, tanto entre a população quanto entre os gestores públicos. Um ambiente mais silencioso e acolhedor não beneficia apenas pessoas com TEA, mas todos os cidadãos.
Assista ao Vídeo e Confira o Laudo Completo
Para ver como as medições foram realizadas e entender melhor os resultados, assista ao vídeo abaixo. O laudo técnico completo também está disponível para download clique aqui para acessar o laudo.
Reflexão Final
A inclusão começa com a compreensão. Ao estudarmos o impacto do ruído em pessoas com TEA, esperamos contribuir para uma cidade mais consciente e acessível. Afinal, uma sociedade que cuida de suas diferenças é uma sociedade mais forte e resiliente.
Compartilhe e Participe
Se você tem experiências ou sugestões sobre como tornar São Paulo mais inclusiva para pessoas com TEA, deixe um comentário abaixo. Vamos juntos construir uma cidade que respeita e acolhe a todos.
Comentários
Postar um comentário