Leo Kanner, nascido em 13 de junho de 1894 na Áustria, foi um psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos, amplamente reconhecido por suas contribuições pioneiras na psiquiatria infantil e na descrição do autismo. Ele é frequentemente chamado de "pai do autismo" devido ao seu trabalho seminal em 1943, quando publicou o artigo "Autistic Disturbances of Affective Contact", descrevendo pela primeira vez a condição que hoje conhecemos como autismo.
Kanner estudou medicina na Universidade de Berlim e, após servir no Exército Austríaco durante a Primeira Guerra Mundial, mudou-se para os Estados Unidos em 1924. Ele trabalhou no Yankton State Hospital em Dakota do Sul antes de se juntar à Johns Hopkins University, onde estabeleceu o primeiro departamento acadêmico de psiquiatria infantil do país em 1930.
Em seu artigo de 1943, Kanner descreveu onze crianças que compartilhavam características de isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmice, e as denominou de "autistas". Esse trabalho lançou as bases para a compreensão moderna do autismo e ajudou a distinguir a condição de outros transtornos psiquiátricos.
Abordagem humanitária
Além de seu trabalho sobre o autismo, Kanner também foi um defensor ferrenho dos direitos das pessoas com deficiências mentais e se opôs às práticas de eugenia que eram comuns na época. Ele acreditava na importância de tratar essas condições de maneira mais humanitária e científica, promovendo uma abordagem mais empática e menos estigmatizante.
"Mãe geladeira"
Kanner observou que muitas crianças autistas tinham pais, especialmente mães, que ele descreveu como "pouco calorosas" ou "afetivamente frias". Esse termo foi posteriormente popularizado por outros psicanalistas e ficou conhecido como "mãe geladeira".
Kanner mais tarde se retratou dessa visão, afirmando que essa descrição foi mal interpretada e que ele nunca pretendia culpar as mães pelo autismo. Ele reconheceu que o autismo é uma condição neurobiológica e não causada por fatores parentais. No entanto, o dano já estava feito, pois muitas mães foram injustamente culpadas e sentiram-se responsáveis pelo autismo de seus filhos.
Conclusão
Leo Kanner faleceu em 3 de abril de 1981, mas seu legado continua a influenciar a compreensão do autismo até hoje. Apesar das controvérsias em torno do termo "mãe geladeira", seu trabalho pioneiro foi fundamental para a identificação e descrição do autismo como uma condição neurobiológica distinta. Kanner também foi um defensor dos direitos das pessoas com deficiências mentais, promovendo uma abordagem mais humanitária e empática. Seu impacto duradouro se reflete no avanço contínuo da pesquisa e no melhor entendimento e apoio às pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
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